segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Especial - Crônica


"Esse cara sou eu"
Lá na UESC, agora toda poderosa, que bom, graças a Deus, que possivelmente eu tenha ajudado a fundar, marchando com a camisa produzida pela saudosa deusa Valdelice Pinheiro, uma de suas reais fundadoras. Lá, conto com uma série de cursos universitários diplomados: Filosofia, Pedagogia, Supervisão, Administração, Psicologia, e Direito, com matrícula trancada no 3º ano. Esse cara sou eu.
Meu vestibular eu trouxe na bagagem do Rio, onde estudei no famoso Hélio Alonso, atualmente faculdade. Contudo, não me bastou ser aceito para realizar um doutorado tão sonhado. 
Em meu currículo lá se vão curtidos 30 anos de extensão universitária, cursos de Comunicação, Hotelaria, tudo o que se produziu nesse país para Jornalismo nas últimas décadas, eu participei, eu estava lá. Lembro-me do curso que tive a honra de participar, ministrado por Hans Donner, na TV Globo. Tenho todos esses diplomas. E os internacionais cursos de Jornalismo no eixo Rio-São Paulo. Esse cara sou eu.
Tenho no currículo uma porrada de revistas. Elas atualmente proliferam. Comecei em 1974, com o Bahia Sul, depois com meu saudoso sócio, Luís Wilde, a revista Bahia Atualidade Região Cacaueira do Brasil, com uma brochura sobre a cultura do cacau, publicado em 4 idiomas, uma publicação para o mundo durante 10 anos. Esse cara sou eu.
Ser colunista social me restou da fuga de tantos bullyings, a palavra da moda. Mas antes, era viado mesmo, bichona e tantos outros linguajares chulos da nossa medíocre cultura.
O QUE SOU, QUE COISA FAÇO, ESCREVO, PRODUZO SONHOS. Esse cara sou eu. Ao longo de 50 anos, todos os jornais da região e alguns da capital, inclusive o jornal A TARDE, publicaram minhas matérias. Era um orgulho meu em viagens para o Rio de Janeiro, comprar nas bancas da Avenida Rio Branco o jornal A TARDE e ver minhas colunas.
Coluna social não é uma piada no jornalismo. É um fato que venceu e representa na Comunicação todos os poderes e objetivos.
Falando de minhas revistas, são tantas publicações que ampliamos para a criação do Shopping News, sempre com textos primorosos, uma reunião de contos, reportagens, poesias (por que não me deixaram ser poeta?), crônicas, os prefácios editoriais, com presença de Telmo Padilha, Valdelice Pinheiro, nomes de quem foram meus verdadeiros professores. Reuni todos para uma publicação, juntando com os quatro livros que tenho no prelo.
Mas nunca fui chamado a participar de nenhuma dessas academias que proliferam e abundam na região. Acho que faz parte do bullying. Nunca tive emprego aqui na região. No Rio, quando adolescente, fugi da região para não envergonhar o meu pai, pois era catado pelos seus amigos por interesses obscenos. Lá, eu consegui empregos por concursos, fiz uma carreira, mas não me dá direito a aposentadoria.
Mesmo assim, não me tornei um acadêmico, sou um desempregado, sem plano de saúde. Considero-me sem eira nem beira, um “je vis de béc”, sem casa própria, vivendo de aluguel, com terreno invadido e despejado. Esse cara sou eu.
Ao longo dessa jornada de Itabuna e da Bahia, uma dedicação de um apoio considerável, nas reportagens amplas e muito bonitas. Creio, como promoteur, produzi quase mil eventos. Um currículo que conta as fantásticas festas das debutantes, as deslumbrantes noites de Gala, o êxito e o sucesso dos concursos de Misses e Rainhas, as gincanas de jovens. Shows trazidos para Itabuna, que incluo no listão o Rei Roberto Carlos, além de uma infinidade de estrelas do cenário brasileiro e internacional. Não foram somente artistas populares. Orquestras famosas, peças de teatro, ballet, óperas. Consegui, ao longo de árduas tarefas, produzir eventos que enobreceram a cidade e a região no antigo Itabuna Clube, no Grapiúna Tênis Clube (onde fiz a primeira grande reforma), na Cacau 2000, na Casa de Espetáculos do Lord Hotel, Boate Clube Amaralina e o Baba Caçola na Mangabinha. Uma infinidade de eventos com orquestras, shows, artistas, poetas, escritores. Não sei aquilatar o tamanho dessas megas produções. Afinal, esse cara sou eu.
Sou dessa cidade sem compaixão, já dizia o saudoso Alberto Galvão. Não me deram direito e a dignidade de participar de nenhum clube de serviços, embora tenha ajudado alguns. Lojas maçônicas, Rotarys, GAAC, Lions Club, qualquer entidade que congrega, acredito, personalidades. Nem os Homens do Terço eu mereci ser lembrado. Os amigos da Santa Casa, eu não tenho nenhum convívio com essas clássicas entidades sociais, beneméritas e seja lá o que for.
Lembro-me que durante as procissões, quando menino, eu perguntava ao meu avô, “Que homens de capa são esses?”, e ele respondia, “São homens probo, de dignidade intocável”. Pensei muito em dar continuidade a esse diálogo com meu saudoso avô, pois guardo na lembrança indesejável a amargura de ter sido bulinado por alguns deles. Eu creio que seja bullying. Por falar em bullying, me lembro de alguns deles. Um, quando um grupo de jovens de minha faixa tentaram me currar. Vestiram-me de menina, pintaram-me porque eles tinham que trepar com uma mulher. Como não era a mãe ou irmã deles, me vestiram com a roupa de empregada, que foi o que me salvou com os meus gritos, só para não rasgarem a roupa dela. O outro bullying foi quando saí do Divina Providência, vindo de um internato em Salvador, o saudoso Carneiro Ribeiro, e fui para um Colégio noturno, onde tentei fazer a parada de 7 de Setembro, que eram tão bonitas. Organizei tudo, já era um dom que nascia desde garoto, e nem os saudosos amigos e professores Nestor Passos e Plínio de Almeida, diretores do colégio, conseguiram que eu desfilasse com a bandeira do Brasil. Colegas rasgaram-me e disseram que viado não carregava bandeira. Teve outro bullying, são tantos. A Ceplac montou um curso da Adesg para diploma da Escola Superior de Guerra. Fui barrado. Nem Tia Rita, que me defendeu sempre, conseguiu me inscrever. Essa mágoa de levar a bandeira foi curada pela saudosa Candinha Dórea, grande dama e amiga que produziu a Marcha Com Deus pela Liberdade, e eu desfilei com a bandeira em um carro pela cidade. Esse cara sou eu.
Fora da região, no Rio de Janeiro, por indicação de uma das estrelas de meus shows, Eliana Pytman, eu comecei a desfilar na Beija-Flor. Lá se vão 25 anos. E lá do alto dos carros, eu sou um dos destaques, sou importante, e do alto eu só vejo itabunenses lá embaixo, na Sapucaí dos sonhos. Mas sempre volto à minha “Peyton Place”. Esse cara sou eu.
Perguntaram-me porque não me dediquei ao esporte. Se esqueceram que, pelo esporte, inaugurei o estádio de Itabuna, como presidente do Itabuna Esporte Clube por quase 4 anos, salvando o time da degola e dando um estádio para a cidade e ganhando o campeonato juvenil contra o Bahia, jogando na capital.
Lamento ter que buscar essas referências que o tempo marcou, e marca muito ainda. Sou amigo, quero crer, de uma sociedade rica, afinal, eu sou um pobre amigo dos ricos. A cara da riqueza. Esse cara sou eu.
Na televisão, levado pelo saudoso Manoel de Sousa Chaves (foi ele, sim!), emprestei um talento conseguido há duas décadas de promoções, e fundamos o Somos Nós, 10 anos no ar com a maior liderança de audiência na TV Santa Cruz, tirado do ar sem qualquer explicação até hoje. Querem maior bulliyng do que esse? Esse cara sou eu.
Vou utilizar nesse desabafo um presente do amigo Afonso Dantas, que caracteriza o que sou e o que sinto. Faltou somente uma pequena cruz na lapela.

Texto de minha autoria publicado em minha 
Coluna no Jornal Agora em 15 dezembro 2012.

Um comentário:

Cássia Melo disse...

Você é um amigo querido,que jamais esqueçerei,vc é o CARA...corajoso sempre,e nunca Itabuna esquecerá de vc!!vc marcou épocas em nossas vidas...isso é que importa..bjs