segunda-feira, 23 de julho de 2012

26 de Julho, Dia dos Avós


Parabenizamos todos os avôs e avós pela data festiva a ser comemorada no próximo dia 26 de Julho, Dia dos Avós. Para homenagear essas pessoas sempre queridas em todas as famílias, estamos publicando uma crônica de nossa saudosa artista cultural Valdelice Soares Pinheiro com o título de "Os Velhos", que será uma das páginas do próximo Shopping News que já está em produção adiantada. Aguardem, vocês ficarão encantados.

Os Velhos
Ah, meus velhinhos do Brasil, como é triste vê-los pelas ruas de minha cidade, abrigando-se sob as marquises porque não têm sequer uma folha de zinco para cobrir-lhes o corpo estropiado, a alma dolorida! Quantas vezes os encontramos nas alas indigentes dos hospitais, os bracinhos finos de doença, e tempo, e fome, as mãos trêmulas, soltas no ar, desamparadas, pedindo socorro, na pior de todas as misérias do viver humano que é a SOZINHEZ no mundo! Não, não falo de solidão, que a solidão é relativa, falo de sozinhes mesmo, este olhar para um lado, olhar para o outro e ninguém que sequer lhes diga bom dia!
Ah, esta dor ocidental, nascida de uma sociedade além de indiferente, desamorada, sociedade burra que faz questão de jogar fora, de sepultar antes da hora, o cabedal de afeto, de saber, de conhecimento, de amor, de sal, mas também de luz e de mel que vocês guardam nessas mãos medrosas, assustadas, tantas vezes fugidas para a esclerose como um modo de esquecer o presente, uma forma de, na memória do passado, achar um menino, um brinquedo, a própria inocência!
Enquanto outras civilizações preservam seus velhos com o maior zelo, como uma fonte de experiência fundamental, que é a própria experiência de viver, fazendo deles uma espécie de livro de consulta da sabedoria, do saber fazer tanta coisa que a gente não sabe mais porque a sociedade de consumo nos induz a esquecer, nós os consideramos inúteis, ridículos, trapos incômodos de quem procuramos nos livrar e os anulamos no esquecimento, no desamor, ou, mesmo por amor, por enganosos cuidados, fazemos com que se recolham à sua fragilidade física, os condenamos à imobilidade, acelerando, assim, a morte às vezes prematura de suas células, a esclerose, a caduquice.
Que pena! Que esperdício do ouro fino de sua madureza doce, de sua semente preciosa de onde poderiam nascer inclusive, árvores mais consistentes, plantinhas mais cheirosas, mais amorosas, menos violentas!
Perder o carinho, a paciência, a indulgência, o convívio dos velhos é uma coisa assim como que matar essa conivência entre a flor nascida e a árvore geradora, essa herança infinita que se guarda entre o fruto e a semente.

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