segunda-feira, 7 de maio de 2012

Charles Henri Jornal Agora [10.03.2012]

Humberto Salomão Mafuz

Se foi o último dos três maiores realizadores, idealizadores e construtores dos tempos modernos da cacauicultura. Um tripé que era formado por José Haroldo Castro Vieira, secretário geral da Ceplac; Paulo Cardoso Pinto, nas cooperativas do Cacau de Ilhéus; e no CCPC/CNPC, um dos seus maiores presidentes, Humberto Salomão Mafuz.

Esses nomes abriram portas nos ministérios, nas governadorias, fazendo vir reivindicações e respeito para Itabuna e Ilhéus, como nunca nenhum deputado da época conseguiu realizar. Esse respeito e credibilidade ao trabalho desses grandes homens deram uma época de destaque para a vibrante cacauicultura. A CEPLAC, quando foi sempre CEPLAC, na era de JOSÉ HAROLDO. Em Ilhéus, um dos maiores diretores dedicados às cooperativas, e conhecedor de todos os meandros da cacauicultura. Eram chamados para cargos políticos e públicos, mas nunca aceitaram. Eles eram uma espécie de governadores vivos e presentes da região cacaueira. Qualquer um dos três poderia concorrer a governadoria.

O passamento de Humberto Salomão Mafuz acaba definitivamente com o sonho nascido na ladeira da Ruffo Galvão, onde funcionava o PLENÁRIO DO CACAU. Depois veio a criação do verdadeiro PALÁCIO DO CACAU, considerada naqueles tempos como a ONU DO CACAU. Suas reuniões enchiam de orgulho o povo das cidades, com seus representantes, presidentes das cidades, as suas bandeiras e pavilhões no prédio, mais respeitado do que os próprios prefeitos. ERA O TEMPO DE OURO DO CACAU RESPEITADO E RECONHECIDO NO EXTERIOR.
Eu fiz uma entrevista, no auge das nossas revistas BAHIA ATUALIDADES, com Salomão Mafuz, o presidente na atualidade. Ele deu uma aula de toda a economia do cacau, que merece estar projetada em livros, porque naturalmente ele deixou para os herdeiros, inclusive guardou um rolo de fita do texto em que ele contava a origem do cacau e o roubo nacional da nossa lavoura. Ele tinha dados em dólares do que essa região já deu para a capital e para todo o Brasil. Humberto era um dos mais batalhadores, de tantos guerreiros que a cacauicultura revelou, como o saudoso Marcelo Gedeon, os irmãos Xavier, entre outros. Mas eu falo desse homem bravo e de bem, de uma honorabilidade ímpar e que o deixou quase pobre. Mas a sua riqueza está nos textos, nos conciliábulos guardados naturalmente no que restou do plenário do cacau que o governo federal nunca nos deu de volta, e que os cacauicultores da atualidade deixaram-no sem função.

Lembro-me que o Módulo do CNPC, em seu projeto, teria uma abóboda para servir a região. O governo federal não autorizou, embora o dinheiro fosse nosso. E o prédio ficou sem portas. Tinha entradas laterais, depois ampliado para um plenário que conta uma história de honras e bandeiras dessa nação cacaueira.
Humberto Salomão Mafuz era uma liderança inconteste. Abriu as portas do CNPC para a cultura com a fundação do PACCE, que ele entregou ao escritor Telmo Padilha. Promoveu cursos bilíngües nos departamentos do prédio. A arte era presente e viva em todos os registros de acontecimentos inesgotáveis. Sua ultima participação foi como convidado de honra na Casa Verde da Colina na posse da desembargadora Dra. Dolores Correia Vieira como presidente do Tribunal. Tem mais fatos profundos que a mídia e os jornalistas podem registrar, aliás, falaram muito durante a semana. Mafuz é um nome que não pode ser esquecido. A cultura estudantil deve saber o que esse homem representou para A SALVAÇÃO DA LAVOURA, em frente aos que tentaram acabar com ela. Hoje o prédio do CNPC está transformado em departamentos porque pertence ao Governo Federal. Não nos pertence mais. A Ceplac, eu ainda não sei como se segura em pé. As cooperativas fecharam as portas. Gente, que gente é essa, que região é essa que não soube guardar as heranças de homens tão nobres? Que país que nós somos que não podemos guardar, aprender, dar continuidade aos homens sérios, aqui os verdadeiros plantadores de cacau?
Fica aqui a mensagem à família dos Mafuz, do rincão do Itajuípe que já nos deu Adonias Filho. Olhe, vocês não vão deixar esquecer o bravo Humberto Salomão Mafuz.


A época dourada do cacau, o famoso CCPC que depois passou para CNPC, ali onde nasceu a construção da famosa ONU do cacau. Por mês às quartas feiras o prédio era engalanado com as bandeiras das cidades produtoras de cacau. Os cacauicultores tinham nome nacional, formavam uma verdadeira governadoria. Hoje o prédio não nos pertence mais e as bandeiras caíram dos mastros. Ali no Plenario na Rua Rulfo Galvão o presidente Onaldo Chavier, ainda entre nos Salomão Mafus, Adelson Benicio dos Santos, Marcelo Gideon, na outra extremidade Lirio Atanazi, todos em saudosas memórias. (matéria de registro em colunas especiais de aniversário da cidade)

Nenhum comentário: